A CAÇULA
Lelé, minha irmã, era a caçula da família, com sete anos de idade, sendo sempre uma criança aplicada nos seus estudos.
Um fotografo itinerante apareceu em nossa casa oferecendo uma fotografia tirada na hora, com direito o retratado a cinco poses.
Percebi pelo seu olhar que ela desejava aquela fotografia, mas, naquele momento não tinha a quantia suficiente.
Consultando a minha pequena fortuna, verifiquei que poderia arcar com aquele pagamento.
As cinco poses foram tiradas com bastante imaginação pelo profissional.
Na primeira foto, Lelé aparece devorando uma gostosa banana, uma diversão bastante própria de uma criança.
Ela na segunda pose aparece tomando café em uma xícara, uma homenagem a um dos produtos de maior exportação pela economia brasileira.
Na terceira, ela carinhosamente segura uma rosa, atitude tomada somente pelas pessoas de bom coração e de boa formação e, na quarta pose, coloca a sua pequena mão em seu queixo, demonstrando a sua tranquilidade naquele momento.
Finalmente, no último retrato fazia aquilo que todas as pessoas devem fazer, sorrir para a câmera a demonstrar a alegria e felicidade de uma pessoa que gosta de viver embora pertencente a uma raiz marcada pela pobreza e batalhas, mas digna dos seus familiares.
Em outra ocasião, adquiri para ela uma grande boneca de cor vermelha que acionada por um cordão, engatinhava em todas as direções, voltando ela a ter aquele sorriso próprio das crianças inteligentes e gratas.
A boneca escarlate de pano com certeza continua ainda hoje, célere, engatinhando pelas imaginações fraternas, deixando em seu lugar outras bonecas, agora vivas e humanas, atendendo pelos bonitos nomes de Carla, Bianca, Natália, Gabriela, Maísa, Lina, Luíza, Giana e Celeste.
Como ela era portadora de um grande coração, gostou do trabalho feito com brilho pelo fotógrafo, que agora que me é oferecido, burilado pelo competente profissional José Yoshizaki, o meu sempre lembrado artista, quando o assunto vem a ser fotografia.
JARBAS MIGUEL TORTORELLO