A ESPERTEZA

04/05/2017 12:04

 

O gato, desde os tempos imemoriais, sempre foi considerado como um animal que tem destreza quando usa as mãos, podendo tirar de uma panela fervente as castanhas ainda bem quentes.

A raposa, por outra, é considerada no reino animal como astuta e esperta, não se importando em pregar peças nos outros, sempre querendo lograr quem que seja, agindo compulsivamente quando o assunto vem a ser  enganar os outros bichos da floresta.

O gato e a raposa encontraram-se no Dia da Páscoa, reclamando que os seus familiares não tinham preparado nada para comemorar essa data cristã em que todos compram ovos de chocolate.

Ambos estavam andando por um sítio, onde os moradores muito religiosos enfeitavam as suas casas para comemorarem a importante data.

Olhando por uma janela fechada por uma persiana, através de um buraco ali existente, dava para ver chocolates embrulhados e colocados sobre uma mesinha, logo a raposa disse foi dizendo ao gato:

- Amigo bichano, somente você com suas compridas, jeitosas e finas mãos poderá facilmente pegar por aquele buraco aqueles chocolates embrulhados, uma vez que minhas garras são muito grossas e curtas para fazer essa tarefa.

Enquanto o gato se incumbia do seu serviço, apanhando os embrulhinhos de chocolate por aquele pequeno buraco da janela, a raposa brincava e se distraia com os pintinhos, filhos das galinhas chocadeiras que nas proximidades tinham os seus ninhos.

A raposa, esperançosa, daí a alguns minutos, perguntou ao gato o destino dos ovinhos de páscoa tirados da casa dos lavradores.

O gato, com a cara toda lambuzada de chocolate, dizia que a dona da casa tinha tirado dali os ovinhos de páscoa.

A raposa, embora dotada de grande esperteza, viu que pela primeira vez havia sido enganada pelo seu então amigo gato.

A raposa, indignada, envergonhada e desmoralizada, abandonando a brincadeira que fazia com os pintinhos, espantou do ninho as velhas galinhas chocas, passando a sugar os ovos delas, deixando ali somente as suas cascas.

A raposa, embora não resignada, falava ao gato, todo empanturrado de chocolate:

- Você e as crianças, na Páscoa, comem ovos de chocolate, todos artificiais feitos em fábricas, mas eu não, nessa data sagrada e santificada pelo cristianismo eu me delicio com ovos de galinha de verdade.

Mas, a raposa jamais se conformava em ter sido ludibriada pelo seu amigo gato, uma vez que nem o macaco, apesar de ter tentado, tinha conseguido enganá-la.

 

JARBAS MIGUEL TORTORELLO