A FAXINEIRA

29/06/2017 11:48

 

Encontraram-se por acaso em uma manhã de sábado, em uma padaria.

Ela era solteira e não conseguia arrumar um namorado para chegar a um noivado.

Ele era um antigo advogado com escritório há mais de trinta anos, localizado em um bairro bem movimento da cidade.

- Doutor Abrantes, não está me conhecendo? Eu sou a Ana Maria, a passadeira, que fazia a faxina no seu escritório.

- Mas, Ana, você já se casou? O que está fazendo agora?

- Doutor, arrumei um namorado, até gostava dele, mas não deu nada certo.

- Mas, porque não teria dado certo esse namoro, se você gostava dele.

- Doutor depois de uns passeios entre nós dois, acabei descobrindo que ele já era casado, com três filhos, embora estivesse quase separado de sua mulher.

- Ora, Ana Maria, não havia impedimento para esse namoro.

- Ocorre, Doutor, que ele não estava livre para tentar construir outra família.

- Ora? Por quê?

- Doutor, em uma audiência no fórum, o Juiz disse que ele precisaria pagar pensão para mulher e alimentos para os filhos. Somando tudo, dava mais de cinco mil reais por mês, quantia que ele não tinha para fazer esses pagamentos.

- Assim, Doutor o meu namoro com ele gorou, não dando certo e até agora não consegui arrumar um parceiro para mim.

O Doutor Abrantes, criando coragem, deu a última cartada.

- Ora, Ana Maria porque não vem morar comigo, que sou sozinho?

Conversaram um pouco, saindo de mãos dadas da padaria, andando pelas ruas da cidade, nascendo na oportunidade entre eles uma união estável.

 

JARBAS MIGUEL TORTORELLO