A FILA DO INSS

08/07/2016 13:49

 

Joaquim Silva foi intimado pela previdência social para comparecer em sua agência localizada na parte central da Capital.

Morava em Itaquacetuba, imaginem vocês as dificuldades para se chegar ao endereço indicado.

O ônibus era bastante velho,  balançando muito e no trajeto foi advertido por um fiscal, em virtude do perigo dos seus pneus dianteiros carecas.

Chegado à agência, no balcão número seis, conforme indicava a intimação, ele ficou sabendo da necessidade do  recadastramento do seu benefício de aposentadoria.

Uma moça, um pouco aborrecida em fazer esse tipo de serviço, pediu a Joaquim os seus documentos, entre eles a ficha de inscrição que fizera no ano anterior.

Ainda bem que trouxera esses documentos, do contrário não seria atendido, inclusive com perigo de atraso dos seus próximos pagamentos, embora sequer atingissem a importância de dois salários mínimos.

A moça, já irritada pelo trabalho que fazia e pela perguntas impertinentes de alguns beneficiários, voltou a pedir a ele novamente a documentação faltante.

A seguir, utilizando-se do elevador, levou-o a outro andar, que agora já era o sexto, e o pior que no cartaz ali exposto tinha um aviso bastante grande que dizia simplesmente: IDOSOS.

Nesse momento é que caiu a ficha de Joaquim, lembrando  que naquela madrugada já fizera sessenta e cinco anos de idade, tendo razão à moça que a atendia, quando vociferou:

- Nossa amizade, estou verificando o seu documento e já tem idade superior a sessenta e cinco anos de idade, devendo aguardar o atendimento no guichê número três.

A ficha de Joaquim voltou a cair novamente, não havendo mais dúvida que era uma pessoa com quase setenta anos de idade, notando que não tinha percebido o passar do impiedoso tempo.

A funcionária em virtude da idade de Joaquim, chamou-o de idoso, deixando-o ainda mais nervoso, respondendo ironicamente a ela que não só era idoso, mas também deficiente físico, embora não carregasse nenhuma bengala ou muleta e não andasse amparado por outra pessoa.

Joaquim dizia tudo isso como revolta, mas, apesar de completar sessenta e cinco anos naquela madrugada não tinha recebido parabéns de ninguém, bem ao contrário, jogavam-no para lá e para cá, de guichê em guichê, como se fosse uma peteca, juntamente com os seus surrados documentos.

Mas, no final das contas, foi atendido por outra funcionária, recebendo o seu cartão para recebimento mensal do seu benefício na agência do Banco do Brasil da Freguesia do Ó.

Ficou contente porque, já idoso, iria receber a sua aposentadoria por tempo de contribuição passeando de graça pelas linhas do Metrô.

Não deixou de ganhar parabéns de outra servidora que também o atendia em virtude do seu quase esquecido aniversário daquela data.

 

 

 

JARBAS MIGUEL TORTORELLO