A INGAZEIRA
A INGAZEIRA
A ingazeira sempre lotada de frutos cresceu numa curva na margem do rio e aos poucos os seus galhos foram se esticando em direção a outra margem, servindo os mais grossos como trampolim para a prática do mergulho, não só pelos moleques, mas também pelos marmanjos.
A curva do rio formava no local um imenso poço que, protegido em parte pelas sombras de outras árvores ali existentes, ponteava como um local preferido para a pesca de lambaris, espécie de peixe predominante naquele trecho, principalmente pela formação de água corredia em redemoinho pelo centro do regato.
Mas, em uma determinada noite, uma violenta ventania, seguida de intensa chuva, acabou derrubando aquela e outras árvores, modificando em muito a paisagem que até então ali reinava.
A ingazeira, apesar de envergada, os seus grossos galhos atravessados em parte do leito, servindo de improvisado tablado para os pescadores.
Aquele rio encontra-se atualmente poluído em virtude das indústrias instaladas nas proximidades, os galhos das ingazeiras desapareceram daquela curva, a natureza deixou de existir como ela era, um preço bastante caro pago pela sociedade em nome do progresso.
A lembrança daquela ingazeira, embora hoje desaparecida, jamais deixará de existir na mente das crianças daquela época, bem como o adocicado sabor dos frutos por ela produzidos.
JARBAS MIGUEL TORTORELLO