A PRISIONEIRA

26/06/2017 12:18

Em qualquer parte do mundo, a prisão é a forma mais violenta e degradante na formação da personalidade e do caráter do homem.

Atualmente, para as pessoas que devido ao seu estado de miserabilidade e desajustamento, a prisão talvez as livrasse do consumo de drogas, principalmente do crack, o que já representaria uma vantagem para elas, não fossem as suas liberações ilícitas no interior dos presídios.

 Essas liberalidades ilícitas parecem ser uma vantagem para os presidiários, mas na verdade tal não ocorre.

O preso em uma cela poderá ficar até impedido de utilizar o crack.

Mas, ordens partidas de um comando ilícito, têm a propriedade de ser consideradas como se fossem um poder estatal, sendo que as suas ordens acabam atingindo todos os internos.

Visitando um presídio do interior paulista, que era um dever do magistrado, aconteceu uma cena que poderá ser considerada como bastante emocionante.

Uma presidiária que, por fora, era uma mãe com vários filhos, cumpria a sua demorada pena por tráfico de drogas, considerada como um pagamento de uma dívida para com a sociedade.

Essa pena, além dessa quitação de dívida social, também tem o objetivo, embora totalmente frustrado, de recuperação da pessoa em seu ambiente social.

Mas, aqui, infelizmente essa pena é cumprida, em ambientes infectos, com a super população carcerária, aumentando ainda mais os desajustamentos sociais das pessoas aprisionadas.

Na verdade um prisioneiro nosso em qualquer modalidade de prisão acaba dormindo, trancado num local onde se nota um mau cheiro, sem qualquer sinal de higiene e limpeza.

A referida presidiária lembrada nesta nossa crônica, notou que o botão do paletó do magistrado, que atuava como corregedor daquele presídio, estava quase caindo, solicitando uma autorização para arrumá-lo.

Com maestria efetuou aquele serviço atinente a uma costureira profissional, dando o paletó de volta devidamente arrumado, recebendo um muito obrigado.

Por esse serviço extra feito por uma presidiária, há que se notar que o trabalho foi feito com objeto de poder servir, não se notando nos gestos da prisioneira qualquer outro interesse.

Mas, não resta dúvida que ela cumprirá totalmente a sua pena, sem qualquer benefício a ser recebido pelos modestos serviços de costureira prestados naquela ocasião ao magistrado.

 

JARBAS MIGUEL TORTORELLO