Ainda há Juízes em Berlim
O rei da Prússia, hoje Alemanha, Federico II, em meados do século XVII, foi conhecido historicamente como um déspota esclarecido, uma vez que convidava para frequentar o seu castelo de verão, localizado nas proximidades de Berlim, os grandes filósofos da época.
Esse castelo edificado na encosta de uma colina era chamado de “Sans–Souci” (significa em francês “sem preocupação”), sendo que na época tinha necessidade de ser ampliada a sua área.
Mas, para a ampliação da área desse castelo, havia uma dificuldade por uma questão de vizinhança, uma vez que um velho moinho que ali existia, impedia o tão desejado acréscimo das terras, bem como, pela velhice de suas instalações, prejudicava bastante a paisagem do lugar.
O rei Federico II, recebendo a orientação dos seus conselheiros, convenceu-se que as terras vizinhas do moinho deveriam ser compradas.
Ocorre que o moleiro (dono do moinho) não concordava em vender as terras, alegando que nelas trabalharam os seus avós, os seus país, garantindo a todos eles os seus sustentos.
O soberano, ao tomar conhecimento da negativa do pobre moleiro em vender as terras do moinho, dirigiu-se até lá acompanhado dos seus ministros, dizendo ao dono da propriedade que, caso não as vendesse, ele como rei daquele país, tinha o poder de mandar destruir o moinho, apossando-se da área, sem pagamento de qualquer indenização.
O moleiro ao ouvir as palavras do rei, retrucou-lhe, com as seguintes palavras:
- Majestade, não se esqueça que ainda há juízes em Berlim.
Essa frase, daí para frente, partida da boca de um pobre moleiro, ficou famosa pelo seu significado, a demonstrar que não podemos desistir dos nossos intentos e sonhos, bem como nada está perdido, uma vez que, bem ou mal, ainda existe um poder constituído em todos os países do mundo que assegura a distribuição da tão almejada justiça, a significar que “ainda há juízes em Berlim” ...
Essa afirmativa feita pelo humilde moleiro, significa que no mundo tem que haver pessoas que cuidem da aplicação da lei, sem olhar a condição dos seus semelhantes.
Para aquele moleiro, a justiça, com a qual contava, não faria nenhuma distinção entre ele e o seu soberano.
Na realidade, esse acontecimento tem muita semelhança com a verdade, embora a frase “ainda há juízes em Berlim” pareça mesmo ter partido de um grande filosofo e não de um pobre fabricante de farinha em um moinho.
Ela veridicamente poderia ser de autoria de François Andriews quando escreveu em versos o miniconto chamado: “O Moleiro de Sans–Souci”.
JARBAS MIGUEL TORTORELLO