EPISÓDIO DE UMA REVOLUÇÃO

Esse fato ocorreu por volta de 1932, durante a Revolução Constitucionalista Paulista.

O casal e os seus dois filhos, residentes em São Paulo, passavam o fim de semana no sítio adquirido pela família nas proximidades de Cruzeiro, cidade paulista que foi o epicentro dessa revolta.

Na realidade, nessa luta armada, os paulistas combatentes, que visavam a aprovação de uma  Constituição para o Brasil, tinham receio das tropas do governo.

Estas, por outra, tinham temor os revoltosos, que se encontravam bastante armados e, todos juntos, tinham medo dos bandidos existentes em todos os recantos.

A família, em seu sítio, naquele momento, se sentava à mesa colocada debaixo de um ipê bastante florido, á espera do almoço preparado pelo caseiro.

Surge, de repente, vindo não se sabe de onde, um grupo de pessoas armadas até os dentes, com carabinas, revólveres, fuzis e outros equipamentos de combate.

A família ficou bastante assustada, com medo daqueles intrusos, mas o filho mais velho confortava a todos, dizendo que se tratava de simples revolucionários paulistas à procura dos inimigos.

A informação desse filho tinha fundamento, uma vez que as lutas mais ferozes entre os grupos litigantes aconteciam  ali perto, exatamente nas proximidades do sítio em que encontravam, na divisa dos Estados de São Paulo e de Minas Gerais.

Depois de uma conversa entre todos, os familiares, de um lado, e o grupo armado, de outro, chegaram a um acordo, ocasião em que os visitantes concordaram em se sentar à mesa servida, almoçando todos juntos.

Finda a refeição, os revolucionários, agradecendo a hospitalidade, um a um, foram se retirando, afirmando que tinham que participar dos próximos combates.

Essa luta entre brasileiros no final foi muito sangrenta para ambos os lados, com milhares de mortos, deixando famílias e mais famílias desconsoladas.

O casal e os seus dois filhos, tomando parte naquele isolado episódio, diziam para os seus parentes e amigos em São Paulo que, embora modestamente, também tinham participado daquela Revolução Paulista. 

JARBAS MIGUEL TORTORELLO