NUNCA É TARDE PARA AMAR

28/08/2015 17:56

 

O velhinho, viúvo e sem filhos, com rugas e cabelos grisalhos, caminhando com dificuldade, foi internado em um asilo.

Sobrara-lhe como renda, depois de muito trabalho como jardineiro, apenas o valor de um salário mínimo, benefício assistencial pago pela previdência ao idoso, quantia que dava em pagamento pelo seu internamento naquela casa.

Recordava a sua infância, sua juventude, seu casamento, sua esposa, os seus pais e seus dois irmãos, todos já não pertencentes a este mundo.

Criando coragem, em certa manhã, dirigiu-se a uma idosa ali internada, declarando para ela, depois de revelar o seu sentimento intimo, que o mundo não tinha acabado ainda para os dois.

Aquele dia, de forma quase incompreensível, nasceu um inesperado amor entre ambos, passando a se encontrarem quase que diariamente.

Ela, sem rendimento, não deixava de dar presentes a ele, principalmente com flores apanhadas no jardim e, ele, em retribuição, dava-lhe uma bolacha do seu café da manhã.

 Mas, a direção do asilo, tomando conhecimento do caso, proibiu o encontro dos dois, cada um ficando isolado na ala do seu abrigo, matando de uma só vez aquele amor, aquele passageiro tempo de alegria e os novos sonhos. 

  Entretanto, foi com lágrimas que ele, ao lado do túmulo da namorada, sentia lembranças dela e uma profunda paz de espírito, com o coração ainda tomado pelo amor.

Vem a ser uma lenda não verdadeira, no sentido de que as pessoas idosas não podem amar e nem mesmo se apaixonar.

 

 

JARBAS MIGUEL TORTORELLO