O AFILHADO

27/10/2017 17:55

 

O padrinho foi visitar o seu afilhado de quinze anos de idade em um centro de recuperação de adolescentes.

O delito feito pelo afilhado era de uma certa gravidade, pois tinha assaltado um idoso que caminhava a pé pelo jardim da cidade.

O velho fazia a sua caminhada habitual pela manhã, sendo que o jovem afanou a velha e seborrenta carteira de couro, bastante desbotada pelo tempo, em cujo interior encontrava-se uma nota de cem reais.

Mas, na oportunidade, já tinha gasto a quantia furtada, a troco de alguns gramas da erva maldita.

- Bença padrinho, foi logo dizendo o afilhado.

- Deus te abençoe meu afilhado, veja se toma juízo em sua vida.

O adolescente prometia que daqui para diante não daria mais trabalho, nem para seus pais e nem para os seus padrinhos.

O padrinho ficou sabendo que o adolescente iria ser liberado dentro de uma semana, uma vez que  já tinha cumprido as penalidades impostas pelo juizado da infância e da juventude.

O padrinho informou ao infrator que, depois de sua liberação, já tinha encontrado o emprego para ele em uma loja de brinquedos.

Trabalharia durante quatro horas nessa empresa, não podendo deixar de estudar em uma escola de profissionalização.

Tudo deu certo, de acordo com o previsto, não causando mais problemas para ninguém, principalmente para o juizado da vara da infância e da juventude.

Um diretor desse centro de recuperação, como Pedrinho tivera um bom comportamento durante toda a sua internação, colocou-o para trabalhar ali mesmo.

O jovem, com essa oportunidade de ouro, ficou bastante rejuvenescido e grato, aproveitando a oportunidade que lhe deu o diretor, ficando Pedrinho livre de qualquer condenação, uma vez que havia cumprido a pena com bastante folga.

Pedrinho, com que aprendera no centro de recuperação, chegou mesmo a dar aulas para os demais internados, proferindo conferencias para eles.

Os pais de Pedrinho ficaram bastante felizes, mas obrigando-o a frequentar os cursos de profissionalização e ainda, durante a noite, estudar aulas de música, uma vez que tinha o dom para isso.

Pedrinho, com o passar do tempo, casou-se, não deixando de trabalhar como músico na banda municipal da cidade, como trombonista.

 

JARBAS MIGUEL TORTORELLO