O CURSILHISTA

10/09/2015 12:09

 

Damião era barbeiro em sua cidade, exercendo essa profissão desde jovem.

Embora casado, com três filhos, levava uma vida bastante desregrada, principalmente nos finais de semana, ocasião em que se embriagava, aprontando algazarras e trapalhadas, das mais variadas.

No horário noturno, após o jantar, saia pelos bares, sempre ali arrumando encrencas, voltando tarde para sua casa, bastante alterado, chegando algumas vezes a agredir a esposa e brigar com os filhos.

Os seus colegas dos bares também provocavam confusões, quase sempre tendo problemas com a polícia.

Joel era seu cliente na barbearia, conhecendo a vida, o desregramento e as peripécias de Damião.

Esse freguês fazia parte do conselho de cristandade da paróquia existente naquele bairro, explicando a Damião o espírito do movimento, convidando-o a fazer parte do grupo.

A princípio, como estava afastado da religião, relutou em aceitar, mas, depois de algumas semanas, refletindo melhor e consultando os seus familiares, concordou em participar de um retiro espiritual por três dias.

Ali, depois de ser presenteado com um pequeno crucifixo e um livreto do “Guia do Cristão”, voltou à época de sua juventude, quando rezava, confessava, comungava e era membro da Congregação Mariana.

Ouvindo no cursilho as palavras dos palestrantes, sentiu logo no segundo dia uma renovação em seu modo de pensar e agir, ficando tomado de um espírito de fraternidade, felicidade e paz.   

Chegando em sua cidade, logo ao anoitecer, ele e os demais iniciados foram recebidos festivamente por todos os familiares, seguindo-se uma missa de confraternização, fato que, ainda mais, renovaram os seus pensamentos e o encaminharam para a  renúncia da vida que levava.

Damião, com as alavancas recebidas no cursilho, sentiu-se reintegrado à religião e à comunidade, participando das reuniões semanais com o seu grupo, passando também a ser o barbeiro nos finais de semana do asilo, atendendo os velhinhos ali internados.

Esse cursilhista com os seus atos passou a ser uma pessoa estimada, perseverando em sua fé, tornando-se palestrante do movimento, fermentando com a pregação do Evangelho o seu ambiente familiar, profissional, social e religioso.

 

JARBAS MIGUEL TORTORELLO