O ENTERRO
O governo decidiu que o povo durante um certo período ficaria sem carne na sua mesa, devido a problemas sanitários.
Dona Iraci, burlando a lei, adquiriu alguns quilos de carne com um açougueiro, que era seu amigo.
Mas, como atravessar aquela barreira montada pelo governo para chegar em sua casa com a carne adquirida fora da lei?
Ela notou que uma procissão se aproximava e ninguém impedia aquela massa de gente de prosseguir no seu abençoado percurso.
Mas, olhando direito viu que procissão era mortuária e que conduzia um caixão de defunto.
Quem seria a pessoa que tinha morrido? De que lugar era? Quais eram os seus parentes?
Essas perguntas e respostas ficaram no ar.
D. Iraci, pessoa esperta, não teve dúvidas, passou acompanhar aquelas pessoas, passando incólume pela barreira governamental, chegando mesmo até a orar pela aquela alma que se despedia deste mundo.
A seguir, quando se viu livre, abandonou a procissão, indo em direção a sua casa.
Afinal, tinha passado a barreira, conseguindo chegar em casa com alguns quilos de filé mignon e músculos bovinos.
Na verdade, quando perguntada, por alguns vizinhos que a viu na procissão, não soube explicar de quem era aquele enterro, sabendo somente que rezou bastante por aquela bondosa alma que tinha deixado o nosso mundo, indo em direção ao eterno.
Mas, na realidade, não sabia se naquele caixão havia algum defunto ou se a procissão foi montada simples para burlar a lei e o fisco!?
JARBAS MIGUEL TORTORELLO