O JOGO DO SÁBADO
O JOGO DO SÁBADO
- Vamos jogar amanhã, sábado, às três horas, contra o time da “Vila Cantareira”, dizia a nós o amigo Chicão, que estava passeando no shopping e que há muito tempo não víamos.
Falava que havia comprado uma chuteira e o time varzeano da região leste da Capital, clube que, pela primeira vez, jogaria como centro-avante, forneceria a ele o calção branco, a camisa de cor vermelha e o “meião” vermelho.
O uniforme, dessa forma, dizia ele, era bastante vistoso, circunstância que deve ter contribuído para que o convite fosse aceito pelo veterano Chicão, apesar de estar um pouco destreinado.
Quando o encontramos, no dia seguinte do jogo, no período noturno de um domingo quente, em uma sorveteria, ainda mancando, talvez devido a um chute que havia levado, contava com entusiasmo a respeito do jogo.
Chicão dizia que, embora o campo fosse “de terra”, era grande o número de torcedores e a equipe dele, repetia, vestia um garboso uniforme vermelho e a contrária, um uniforme inteiramente verde.
O árbitro da liga amadora, vestido com um uniforme preto, até que tinha atuado a contento na partida, auxiliado por dois bandeirinhas uniformizados de amarelo.
O contraste das cores vermelha, verde, amarela e preta até que agradava a todos os presentes, observava Chicão, apesar do sol escaldante, que provocava um calor generalizado.
Mal a partida tinha sido iniciada, Chicão, sempre eufórico, dizia que a superioridade do seu time era visível, chegando, durante todo o tempo do jogo, a dar um verdadeiro baile na esquadra no outro time, chegando ele em determinado instante da partida, ter sentado na bola, o que lhe valeu, um cartão amarelo por desrespeito ao adversário, além de uma advertência verbal.
Depois do jogo, narrava ele, diretores e jogadores dos dois times, participaram de um churrasco realizado nos fundos do campo de futebol, mas sempre lembrando que tinham dado um verdadeiro show de bola no adversário.
Durante o churrasco, chegou ao local um torcedor, carregando um violão debaixo dos braços e chope vai, e chope vem, todos cantavam sambas antigos dos carnavais passados, mas, ninguém, absolutamente ninguém, se lembrava que há muito a meia-noite já tinha sido ultrapassada.
O amigo Chicão, ainda manquitolando, acabou confessando que havia chegado de madrugada em sua casa, ligeiramente alegre, desentendendo-se com a família tendo em vista o seu estado e o adiantado da hora.
No instante em que Chicão já ia se retirando em direção a outro local, veio a inevitável pergunta feita por uma indiscreta pessoa ali presente:
- Chicão, afinal de contas, qual foi o resultado desse jogo tão esperado e disputado jogo?
-Bem, respondeu Chicão, na verdade demos uma aula de bola neles, mas, por esses azares do futebol, acabamos perdendo a partida por sete a zero.
JARBAS MIGUEL TORTORELLO