O JOGO DO SÁBADO

08/01/2015 02:09

O JOGO DO SÁBADO

 

- Vamos jogar amanhã, sábado, às três horas, contra o time da “Vila Cantareira”, dizia a nós o amigo Chicão, que estava passeando no shopping e que há muito tempo não víamos.

Falava que havia comprado uma chuteira e o time varzeano da região leste da Capital, clube que, pela primeira vez, jogaria como centro-avante, forneceria a ele o calção branco, a camisa de cor vermelha e o “meião” vermelho.

         O uniforme, dessa forma, dizia ele, era bastante vistoso, circunstância  que deve ter contribuído  para que  o convite fosse aceito pelo veterano Chicão,  apesar de estar um pouco destreinado.

         Quando o encontramos, no dia seguinte do jogo, no período noturno de  um domingo quente, em uma sorveteria, ainda mancando, talvez devido a um chute que havia levado, contava  com entusiasmo a respeito do jogo.

         Chicão dizia que, embora o campo fosse “de terra”, era grande o número de torcedores e a equipe dele, repetia,  vestia um garboso  uniforme vermelho e a contrária, um uniforme inteiramente  verde.

O árbitro da liga amadora, vestido com um uniforme preto, até que tinha atuado a contento na partida, auxiliado por dois bandeirinhas  uniformizados de amarelo.

O contraste das cores vermelha, verde, amarela e preta até que agradava a todos os presentes, observava Chicão,  apesar do sol escaldante, que  provocava um calor  generalizado.

         Mal a partida tinha sido iniciada, Chicão, sempre eufórico, dizia que a superioridade do seu time era visível, chegando, durante todo o tempo do jogo,  a dar um verdadeiro baile na esquadra  no outro time, chegando ele em determinado instante da partida, ter sentado na bola, o que lhe valeu, um cartão amarelo por desrespeito  ao adversário, além de uma advertência verbal.

         Depois do jogo, narrava ele,  diretores e jogadores dos dois times,  participaram de um churrasco realizado nos fundos do campo de futebol, mas sempre lembrando que  tinham dado um verdadeiro show de bola no adversário.

         Durante o churrasco, chegou ao local um torcedor, carregando um violão debaixo dos braços e chope vai, e chope vem, todos  cantavam  sambas antigos dos carnavais passados, mas, ninguém, absolutamente ninguém,  se lembrava que  há muito a meia-noite  já tinha sido ultrapassada.

         O amigo Chicão, ainda manquitolando, acabou confessando que havia chegado de madrugada em sua casa, ligeiramente alegre, desentendendo-se com a família tendo em vista o seu estado e o  adiantado da hora.

         No instante em que Chicão já ia se retirando em direção a outro local, veio a inevitável pergunta feita por uma indiscreta pessoa ali presente:

         - Chicão, afinal de contas, qual foi o resultado desse jogo tão esperado e  disputado jogo?

         -Bem, respondeu Chicão, na verdade demos uma aula de bola neles, mas, por esses azares  do futebol, acabamos perdendo a partida por sete a zero.

 

JARBAS MIGUEL TORTORELLO