O PALÁCIO DE ITAPURA

19/12/2014 10:26

O  PALÁCIO  DE  ITAPURA

 

No encontro das águas do Tietê com o rio Paraná ainda existe hoje um centenário palácio que, segundo relato histórico, teria servido no fim do século de hospedagem à corte imperial, situado ao lado de uma já demolida colônia militar, incumbida da segurança daquela área, considerada ponto estratégico, de onde era controlado o transporte de cargas e mercadorias da parte alta para a parte baixa do rio, em virtude da existência na época do Salto de Itapura, o mais importante acidente geográfico da região.

 

O represamento das águas a jusante, para a construção de uma usina hidrelétrica, acabou alagando a cidade velha, com a consequente construção de novas casas para a população desabrigada, somente permanecendo na nova paisagem os prédios da igrejinha, do vetusto posto policial e do palácio imperial, além de vestígios da parte superior da velha caixa de água que abastecia a população e que agora está quase totalmente submersa pelas águas do grande lago.

 

Os habitantes dessa nova cidade são pessoas simples e devotadas a sua terra e um antigo morador costuma afirmar com grande orgulho que nas paredes do palácio estão inscrustadas muitas esmeraldas e que a pedra verde da esperança seria a fonte principal da felicidade, sempre estampada na face e nos olhares dos homens, das mulheres e das crianças do lugar.

 

É possível que um descrente e desiludido turista possa dizer, depois de ter percorrido aquele histórico palácio imperial de dois pavimentos, pintado com foscas e apagadas cores esverdeadas, que somente conseguira  ver uma antiga construção de alvenaria, sem pedras brilhantes em suas paredes ou outra qualidade qualquer que pudesse conduzir alguém a um estado de êxtase ou satisfação.

 

Mas, apesar daquele visitante não ter visto nenhuma pedra preciosa no histórico castelo, os olhos e as faces dos singelos moradores da cidade nova continuam irradiando uma contagiante alegria pelo virtual tesouro esmeraldino que estaria escondido não só ali, mas também no rico escrínio dos seus corações.

 

Quanto seria bom se todas as pessoas do mundo também tivessem uma fonte de contagiante felicidade em suas vidas, a exemplo daquelas pessoas humildes que, indiferentes a tudo, continuam trabalhando diariamente para uma sofrida sobrevivência, achando maravilhoso ter aquele rico e precioso tesouro que pulsa no coração de cada um, com o cintilante brilho de seu palácio de esmeraldas.