O PROTETOR DOS RIBEIRINHOS
Sebastião Nascimento, apelidado de Tiãozinho, uma pessoa criada na roça, residia, à época, na última estação da Estrada de Ferro de Araraquara, tendo escassas barbas e com ralos cabelos, humilde e religioso lutou tenazmente contra a construção da Usina Hidrelétrica de Ilha Solteira, sob a alegação de que o meio ambiente e o Rio Paraná deveriam ser protegidos pelos habitantes ribeirinhos.
Ele era tido pela população como um verdadeiro idealista, sendo a razão de sua luta no sentido de que, caso fosse construída a usina, Rubinéia e a estaçãozinha ferroviária de Presidente Vargas ficariam submersas, correndo ainda o risco de as áreas urbana e rural serem completamente destruídas, ocorrendo um prejuízo, não só para o meio ambiente, mas também para os lavradores daquela região.
Mas, Tiãozinho, acusado do cometimento de delitos que não cometera, acabou sendo processado como uma pessoa que seria perigosa para as instituições nacionais.
Afinal, depois do julgamento, o Tiãozinho, conhecido também como “o protetor dos ribeirinhos”, foi preso preventivamente e levado para a Capital paulista, considerado como uma pessoa que atentava contra a ordem pública.
Depois de algum tempo, um laudo médico concluía que o mesmo seria portador de uma doença mental, acabando por ser internado em um hospital psiquiátrico e. recebido o devido tratamento, voltando a ter uma vida pautada pela normalidade.
Todavia, nunca é demais registrar que a sua luta, embora com espírito idealista, acabou em vão, uma vez que a Usina foi construída, com o conseqüente alagamento da região em virtude do represamento das águas do imenso rio, desaparecendo, não só as casas da velha cidade, mas também a estaçãozinha ferroviária, tendo sido construída uma nova cidade em um local próximo.
Depois do cumprimento da pena que lhe foi imposta, Tiãozinho, com idade avançada, foi colocado em liberdade graças a movimentos feitos em seu favor, voltando a morar nas proximidades da região em que residira, conversando calmamente sobre o caso com todas os ribeirinhos que o procuravam, mas sempre argumentando que o meio ambiente deveria sempre ser protegido.
JARBAS TORTORELLO