O SAPO E A COBRA
O sapo ouvira a sua mãe dizer que “cobra que não anda, não engole sapo”.
Ocorre que quando o sapo descansava à beira de um rio, que era pedregoso e com corredeiras, apareceu lá uma cobra.
Ambos passaram a conversar, reclamando que há muito tempo não chovia e resolveram construir uma lagoa para a moradia deles.
O sapo, no primeiro dia, escolheu um terreno às margens do rio, passando a limpá-lo.
A cobra, no dia seguinte, ali apareceu ficando satisfeita por encontrar um terreno já limpo.
Ela, nesse terreno, começou a cavar um buraco fundo, a fim de que fosse construído ali uma lagoa.
O sapo daí alguns dias, voltou ao lugar, plantando diversas folhagens e árvores ao redor do buraco.

Ambos, aos poucos, foram retirando água do rio, enchendo a lagoa, que passou a ser definitivamente a casa deles, vivendo como se fossem marido e mulher.
A cobra, em um dia ensolarado, foi passear na floresta, voltando para casa com uma rã na boca.
O sapo, muito assustado, logo pensou, se ela fez isso com uma rã, o meu fim mais tarde ou menos tarde será o mesmo.
Daí algum tempo, o sapo, passando por uma estrada encontrou uma cobra morta, que fora atropelada por uma condução.
A cobra, ao voltar para casa viu aquela grande cobra, já sem vida, colocada ao redor da lagoa.
Logo, foi perguntando ao sapo como conseguira fazer aquilo.
Ele, como tinha receio de sua companheira, disse que tinha uma pedra de cristal que ganhara de um jacaré feiticeiro e, com um simples toque nela, os seus pedidos eram prontamente atendidos.
A cobra, ao ouvir aquilo, ficou com muito medo, fugindo pela floresta em desabalada carreira, nunca mais voltando para sua casa.
O sapo ficou ali sozinho o resto de sua vida, passando a viver tranquilamente naquela lagoa.
JARBAS MIGUEL TORTORELLO