OS BARES
Entre as várias diversões antigas estavam ali os bares, sem quaisquer competidores, quando o assunto era passatempo.
Eles agasalhavam toda a juventude até as altas horas da madrugada, sempre dependendo do poder de imaginação dos seus proprietários para cativar a clientela.
Começavam a chegar depois da última sessão de cinema os clientes de caderneta.
Entre um rabo-de-galo e outro ou entre uma cerveja e outra, sempre acompanhados de salgadinhos, eles reluziam atraentes para todos os costumeiros fregueses.
As conversas sempre eram bem animadas, os assuntos preferidos por todos eram dos programas de rádio, do futebol e do sempre esperado baile do final do mês em um clube da cidade.
Ai eram contratados os melhores conjuntos nacionais, e as orquestras de Sylvio Mazzuca, Nelson de Tupã, Arley de Catanduva e Sul América de Jaboticabal, além de outros.
Mas, na realidade, os bares não eram frequentados somente pela mocidade, aceitando-se ali as pessoas de qualquer idade.
Não havendo naquela época a televisão, a distração noturna vinha ser mesmo a frequência em bares.

No bar de um clube central, por volta de meia noite, tudo corria normal e tranquilamente, como acontecia todos os dias.
De repente, não se sabendo o porquê, em véspera de um feriado, um cliente já “bebum”, apanhou um garrafa vazia, quebrando o seu casco no balcão de granito, partiu em direção a uma pessoa com aquela perigosa arma.
Foi aquele “quiproquó”, aquele “deixa disso”, correrias de todos os lados, várias pessoas já estavam alteradas em virtude do excesso de consumo de álcool.
Conseguiram, a final, desarmar o valentão que, bastante nervoso, adentrou no interior do seu veículo, indo para sua casa, talvez para refrescar a sua cabeça.
A indefesa vítima, que não sabia direito o que estava acontecendo, livre daquele inesperado embaraço, a pé, também tomou a direção de sua casa.
Os demais clientes, aliviados, conseguindo acalmar o ambiente, continuaram alegremente a solver as suas bebidas preferidas acompanhadas das músicas selecionadas em uma vitrola instalada no bar.
Ambos, agressor e agredido, eram considerados como aves de arribação, uma vez que nunca tinham frequentado aquele bar.
JARBAS MIGUEL TORTORELLO