PIMPÃO, O VENDEDOR DE CARROS
Pimpão, residente em uma cidade paulista, comerciava carros de diversas procedências, nacionais ou estrangeiros.
Era uma pessoa de posses, exercendo essa atividade de corretor, como um “hobby”, pelo simples prazer de um passatempo.
Um bancário, em férias, resolveu negociar um carro com ele.
Os amigos o alertaram, dizendo que ele, nesse tipo de negócio, quanto mais tempo levava para concluí-lo, melhor para esse corretor.
No primeiro dia, depois que a empregada conseguiu acordá-lo, por volta de dez horas, levou o comprador do veículo para ver as suas plantações de laranjas, abacates e mamões.
Uma verdadeira maravilha aqueles frutos, embora não tivesse chegado o período das colheitas, mas o vendedor nada falava a respeito da negociação com os carros.
Sequer tinha levado o comprador a ver a sua bem montada garagem de veículos, localizada bem no centro da cidade.
No segundo dia, depois de ter sido acordado pelo seu motorista, por volta de treze horas, levou o bancário para almoçar em um restaurante do “shopping”.
A preferência dele foi por uma deliciosa comida chinesa, bem leve, repleta de selecionados legumes.
Uma delícia aquela refeição oriental, mas, qual nada, de carro nada se comentava ou conversava, o corretor era uma perfeita múmia enfaixada e paralítica.
O bancário como não era bobo, mas cheio de esperteza, logo concluiu que a negociação, embora nem iniciada, seria um pouco demorada.
O bancário falou para Pimpão que deveria voltar para a sua cidade, uma vez que sua esposa estava preocupada com aquele injustificável demora.
Evidente que ela tinha razão, pois afinal de contas, não viera àquela cidade para comprar um navio.
Ele, pela primeira vez, tocou no assunto, perguntando ao bancário se ele tinha algum carro e qual o peço, recebendo a resposta que tinha dois, um Karmann Ghia e um Dodge Dart, ambos usados, dando-lhe os respectivos preços.
Pimpão disse que, para esse negócio, tinha um Passat, Volkswagen, usado, mas do último ano.
Fizeram o negócio, sem nenhuma volta, de parte a parte, sendo que os documentos da transação ficaram logo prontos.
Com toda a parafernália que envolveu esse estranho negócio, Pimpão viu o tempo passar como ele desejava, sem qualquer preocupação.
De outro lado, via o seu patrimônio crescer, com os investimentos nos mais variados bancos, sem esquecer das florescência dos seus laranjais, dos seus abacateiros e dos seus mamoeiros.
JARBAS MIGUEL TORTORELLO