POKA ROPA, O PALHAÇO
Um circo, famoso e atraente, repleto de belos números, instalou-se nas proximidades do Estádio Municipal Doutor Hudson Buck Ferreira, na cidade de Matão, na época com pouco mais de sessenta mil habitantes.
Tinha, entre suas atrações animais, como elefantes, cavalos, macaquinhos, cães e pássaros ensinados, fato esse que atraia ainda mais a curiosidade do respeitável público.
Entre os seus talentosos artistas desse circo encontrava-se o palhaço de origem austríaca, conhecido por Poka Ropa ( Pouca Roupa).
Ele, em seus números, era bastante engraçado, dizendo que todos os seus familiares eram circenses e que se confundiam com a própria história mundial do circo.
Contava que, desde criança, ainda em solo austríaco, na escola primária, já fazia rir todos os seus coleguinhas, sendo dotado desse difícil dom de espalhar a alegria e o riso.
Ainda em solo europeu, embora criança, já era contratada para animar as mais diversas festividades.
Quando, ainda no início de sua puberdade, vindo para o Brasil, já era um palhaço consagrado, fazendo rir na platéia, não só as crianças, mas também os velhotes.
Poka Ropa, em Matão, rapidamente fez muitas amizades, e, em uma agência bancária local, dizendo ser dono de um time de futebol de salão, marcou um jogo a ser realizado em uma quadra cimentada e coberta.
A equipe bancária de Matão era a campeã da cidade, com atletas do porte de Jaburu e Alceu Nantes(goleiros), Jurandir Maccagnan, Waldemar Cunha, Carlos Schimit, Fernando Silva, Gil Covas e Pancho (zagueiros e alas), Jackson, Sérgio, Granata, Jarbas e Cassoni (atacantes), capitaneados pelo mineiro Rui Ubaldo Ribeiro e pelo agrônomo Gil Vital dos Santos.
Grande parte da população, pelo espetáculo ser uma novidade em termos de um jogo amistoso com os artistas do circo, compareceu para assisti-lo, que teve início às 21:00 horas.
Poka Ropa era dono e capitão da esquadra circense, tendo como companheiros ginastas acostumados aos treinamentos e grandes espetáculos, possuidores de alto grau de equilíbrio e controle, estabilidade e força muscular.
Com o início da partida, a torcida local em sua totalidade, passou a torcer pelos jogadores locais, mas, com o desenrolar do jogo, Poka Ropa acabou marcando o primeiro gol.
Para comemorá-lo, ele e os seus companheiros deram um espetáculo digno de registro, com saltos mortais, cabriolas e piruetas por toda a quadra, indo e voltando em danças e movimentos sincronizados e acrobáticos, alegrando os assistentes.
Daí para a frente, parte da torcida passou a festejar o quadro visitante, mais com o intuito de assistir graciosamente aquele alegre espetáculo artístico e maravilhoso quando da marcação dos seus gols.
O jogo amistoso terminou empatado em quatro gols para delírio da enorme torcida presente, não deixando os artistas circenses, no final da partida, na quadra desocupada, em proporcionar um belo espetáculo de música, ginástica e dança, com admirável coreografia, em agradecimento aos bancários e ao respeitável público.
Nunca é demais registrar que todos esses artistas do elenco (apresentadores, músicos, cantores, prestigitadores, piadistas, acrobatas, malabaristas e palhaços, etc.), ao mesmo tempo em que são artistas do picadeiro, não passam de notáveis equilibristas na corda bamba da vida em constante luta pela sobrevivência pessoal e artística.
JARBAS MIGUEL TORTORELLO