SONHOS INFANTIS

23/02/2015 10:34

            

                Mudou, quando criança, de sua cidade natal,  para um lugar distante, levando consigo muitas recordações infantis, sendo que algumas delas com aparências nebulosas,  ficaram esmaecidas em seu subconsciente.

 

                 Quando adulto, voltou àquela cidade, mas nada encontrou do que ficara marcado em sua mente, nem mesmo os seus amigos de infãncia.

 

            A rua de terra onde dividia a alegria com os seus  colegas não mais existia, transformando-se tudo em uma imensa e desalmada selva de pedra.

 

                Tudo tinha acabado definitivamente, as poças d’água formadas pelas chuvas; o capim dos campos; os animais em pastoreio; as casas em pequeno número e a igrejinha desbotada pelo tempo.

 

             O homem ao ver tudo aquilo, com seu pensamento ainda confuso, numa rápida volta ao seu passado, começou a duvidar da existência de  sua  própria meninice, pois faltava naquela massa abrutalhada e estúpida um pequeno alicerce  que pudesse abrigar pelo menos uma nesga de sua saudade.

 

              Tudo aquilo que julgara eterno, desaparecera como por encanto e por obra do próprio homem e a criança do passado ficou deprimida pelo que fizeram com sua rua, com sua casa e com as suas quimeras, concluindo que nada nessa vida é eterno, devendo a pessoa guardar os seus sonhos infantis dentro do pequeno cofre do seu coração.

 

                               JARBAS MIGUEL TORTORELLO