UM ETERNO NAMORO
Rubinho era empregado no correio em um pequeno lugarejo, exercendo a sua função em uma sala alugada na parte central daquela vila.
Ritinha, que havia completado mais de trinta anos e que vivia em companhia de sua mãe, engraçou-se com Rubinho, um solteirão de caderneta.
Ocorre que a repartição onde trabalhava limitava nos fundos com os fundos da residência de Ritinha, mulher que jamais tinha se comprometido com alguém.
Não se sabe o motivo, mas ambos não desejavam que esse platônico namoro fosse levado ao conhecimento pela população.
Olhares maliciosos revelavam que ambos conversavam, principalmente durante o dia, debaixo de um abacateiro existente no quintal dela.
Esses encontros, segundo os depoimentos de pessoas indiscretas. mas insuspeitas, não passavam das mãos dadas, juras de amor, abraços e beijinhos, nada mais.
Eles jamais supunham que esse romance, tal qual aquele de Romeu e Julieta, cantado em versos por Shakespeare, tão escondido e secreto, fosse conhecido pelo povo dali.
Esse namoro, já duradouro, furtivo e jocoso, continuou por muitos e muitos anos, apesar de o apaixonado casal encontrar-se, em razão da ação do tempo, com os seus cabelos já embranquecidos.
O tão esperado namoro e consequente noivado jamais foram anunciados, fato que deixava a população bastante ansiosa, mas sempre esperançosa quanto ao enlace desses dois eternos enamorados.
Ora, até então, se nada fora anunciado, evidente que o casamento também já fora relegado às calendas gregas.
Coisas do cotidiano em uma cidade pequena.
JARBAS MIGUEL TORTORELLO