UM ETERNO NAMORO

03/07/2015 11:21

 

         Rubinho era empregado no correio em um pequeno lugarejo, exercendo a sua função em uma sala alugada na parte central daquela vila.

         Ritinha, que havia completado mais de trinta anos e que vivia em companhia de sua mãe, engraçou-se com Rubinho, um solteirão de caderneta.

         Ocorre que a repartição onde trabalhava limitava nos fundos com os fundos da residência de Ritinha, mulher que jamais tinha se comprometido com alguém.

         Não se sabe o motivo, mas ambos não desejavam que esse platônico namoro fosse levado ao conhecimento pela população.

         Olhares maliciosos revelavam que ambos conversavam, principalmente durante o dia,  debaixo de um abacateiro existente no quintal dela.

         Esses encontros, segundo os depoimentos de pessoas indiscretas. mas insuspeitas, não passavam das mãos dadas, juras de amor, abraços e beijinhos, nada mais.

         Eles jamais supunham que esse romance, tal qual aquele de Romeu e Julieta, cantado em versos por Shakespeare, tão escondido e secreto, fosse conhecido pelo povo dali.     

         Esse namoro, já duradouro, furtivo e jocoso, continuou por muitos e muitos anos, apesar de o apaixonado casal encontrar-se, em razão da ação do tempo, com os seus cabelos já embranquecidos.

         O tão esperado namoro e consequente noivado jamais foram anunciados, fato que deixava a população bastante ansiosa, mas sempre esperançosa quanto ao enlace desses dois eternos enamorados.

         Ora, até então, se nada fora anunciado, evidente que o casamento também já fora relegado às calendas gregas.

         Coisas do cotidiano em uma cidade pequena.

 

JARBAS MIGUEL TORTORELLO