UM TEMA DE GEOGRAFIA
A professora de Geografia, no inicio de sua aula, passou um tema a ser desenvolvido na classe.
O aluno até gostou da proposta que deveria abordar a respeito dos problemas brasileiros.
Ele conhecia os problemas que mais afligiam a população, uma vez que vivia entre ferroviários da araraquarense, trabalhadores rurais e desempregados, sabendo das dificuldades e da miséria de todos.
O estudante, de caneta em punho, aproveitou a oportunidade, vibrando-a contra os administradores daquela época.
Como era possível, um roceiro, a troco de um mês inteiro de trabalho duro com enxadas e enxadões, com as mãos calejadas, não apurar no final, pelo menos um salário mínimo?
Um telegrafista com família numerosa para cuidar, não ganhava para pelo menos para a sua sobrevivência e dos seus familiares.
O jovem escreveu, animado, como se fosse um lutador de boxe no ringue quase tudo o que tinha que falar a respeito de algumas injustiças sofridas pelas classes mais carentes.
Eles naquela ocasião não tinham direito ao recebimento de horas-extras, décimos terceiros salários e férias de trinta dias.
A professora leu a redação, afirmando que aquilo estava mais para o campo sociológico do que para o geográfico.

Recebido o trabalho de volta, sem qualquer nota ou observação a redação foi guardada entre outros materiais escolares.
Ele, pelo menos, aprendeu que há certas verdades que não podem ser ditas, valendo-lhe a lição a respeito do povo brasileiro daquela época.
Em pequenos lugarejos, efetivamente, ninguém tinha a oportunidade de uma completa interação social, não tendo essa regalia até hoje.
O povo tinha que trabalhar e trabalhar muito mesmo para assegurar o mínimo dos seus direitos, embora eles fossem visivelmente contrariados.
Afinal, o país era relativamente novo, às vésperas tinha sido abolida a escravatura e Proclamada à República, com a necessidade de procurar reerguer uma nação combalida, não sendo assegurados para todos os seus impostergáveis direitos humanos.
JARBAS MIGUEL TORTORELLO