UM TREM CHAMADO TIROLEZA

02/01/2015 11:43

 

UM TREM CHAMADO TIROLESA

                                        

 

As oito badaladas do relógio da Matriz, localizada no coração da cidade, tendo como Padroeira Santa Luzia, anunciavam o início da noite, período reservado ao descanso da população.

O telegrafista ferroviário daquela cidade, com seu uniforme cáqui,  soava a campainha elétrica, noticiando que o trem de passageiro já tinha deixado Santa Sófia, a estação mais próxima.

A locomotiva, passado algum tempo, anunciava a aproximação do comboio, dando um breve apito quando cruzava um riacho localizado nas a proximidades da estação de Fernando Prestes.

A composição férrea, deslizando sobre os trilhos de bitola larga, parava bem no centro da plataforma, defronte ao escritório  da estação.

O maquinista observava pela janela da locomotiva o vai-vem das pessoas pela plataforma, enquanto aguardava o costumeiro abastecimento da caldeira feito por um portador responsável pela bomba d’água.

Os freqüentadores noturnos da estação, como ainda  não havia chegado o entretenimento da  televisão,  aguardavam a chegada desse trem de passageiro, apesar de não esperarem pelo desembarque de alguma pessoa conhecida.

Essas pessoas, ao anoitecer, vinham simplesmente assistir a passagem pela estação do trem apelidado pela população de  “Tirolesa”, nome de uma  música carnavalesca da época.

A “Tirolesa” se compunha de uma locomotiva, atrelada a um vagão-refeitório e a cinco carros de passageiros e, para sua partida em direção à estação de Cândido Rodrigues, bastava o assovio partido do chefe do trem, imediatamente respondido pelo apito da locomotiva.

Depois da partida da composição, as pessoas se retiravam, mas   aguardavam o anoitecer do dia seguinte para  rever  a passagem pela cidade da Tirolesa, um alegre trem noturno da extinta Estrada de Ferro Araraquara.

 

                                                               Jarbas Miguel Tortorello