UMA CENA CASEIRA
Francesco, já com idade avançada, chega à tarde em sua casa, arrastando os chinelos pelo chão, cansado da poda de muitas árvores.
Com um pedaço de pano esfrega os cortes dos seus dedos feitos pelos galhos de árvores e pelos espinhos dos caules das roseiras.
Carrega sempre uma mochila onde guarda uma tesoura grande, um canivete de escoteiro, um martelo, vários pregos e tachas, tubos de colas e outros pequenos instrumentos usados em seu labor.
Ajeita os seus cabelos grisalhos, contando para a mulher que, no caminho de retorno, havia tomado água em um pequeno riacho que cruza a estrada.
Conversou ali ainda com dois pescadores que se dirigiam a um rio maior ali existente à cata de tilápias, tucunarés e lambaris.
Giovana, a sua mulher, bole com o serviço de cozinha, preparando um caldo grosso e gostoso, com arroz, feijão, tomates e batatas, conhecido pelo nome italiano de “minestrone”.
Ela aguarda também a hora do banho, reclamando de dores nas costas, mas continua fazendo o seu serviço culinário.
Francesco e Giovana ficam contentes ao ver os netinhos que ali chegaram, fazendo uma enorme bagunça e estripulias pela casa, pedindo bênçãos para ambos.

As crianças cantavam modinhas de rodas, sempre acompanhadas pelas roucas vozes dos seus avós.
O “minestrone” já estava pronto, espesso e gostoso porque feito em um velho fogão de lenha e seria acompanhado por pães feitos em um forno existente no fundo do quintal.
Mas, Giovana, depois do banho e do jantar, lhe pediu dinheiro para as compras do dia seguinte, Francesco disse que precisaria aguardar o pagamento dos seus clientes.
A mulher, exasperada, grita com ele, agora já sentado em um banquinho existente na porta da cozinha, ficando bastante abatido, a ponto de ser tomado por uma profunda tristeza, apesar das algazarras que os seus netinhos faziam.
JARBAS MIGUEL TORTORELLO