VITILIGO

09/12/2016 12:52

- Moça, este trem vai para São José do Rio Preto?

Ele perguntava quando o expresso estava parado na plataforma da estação de Araraquara, aguardando o apito do chefe de trem para sua partida.

-Sim, mas a última estação vem a ser em Votuporanga.

-Obrigado pela informação, respondeu o senhor de meia idade, tratando, em seguida, de acomodar-se em um banco do carro de segunda classe.

A viagem transcorreu normalmente, passando a composição pelas estações de Matão, Taquaritinga, Fernando Prestes, Pindorama, Catanduva, Cedral e, finalmente, São José do Rio Preto.

Aquele senhor, orientado por terceiros, desceu na cidade do seu destino.

Apreciou por alguns instantes a escadaria existente defronte à estação, que dava acesso à principal avenida da cidade, que sempre foi um ponto de atração para os visitantes.

Em seguida, alugou uma charrete, que o transportou até o número 152 da Rua Treze de Maio.

Ali era o endereço de uma drogaria que vendia um medicamento para a cura de vitiligo.

 

Adquirido o produto, aquele homem, acreditando nos poderes do remédio, voltou pela mesma ferrovia para Araraquara.

Não deixou de admirar o velho prédio do “Grupo Escolar Cardeal Leme”, vizinho dali, escola em que o seu pai havia estudado nos terceiro e quarto anos.

É verdade que ele lutava já há algum tempo com essa doença que causa a perda da cor da pele, gerando manchas esbranquiçadas.

Ele era afetado por essas pintas, notadamente em parte de sua boca, do seu nariz e de sua cabeça.

Apesar de ter se tratado com um método cubano e consultado dezenas de dermatologistas, a recuperação era bastante lenta, não havendo como prevenir a sua progressão, acreditando que ela pudesse ter até o caráter de cronicidade.

A sua expectativa era no sentido de que o novo medicamento, ora adquirido, seria de grande utilidade para ele no combate ao vitiligo, mal que o afligia.

 

JARBAS MIGUEL TORTORELLO